Nós cristãos temos a Bíblia em alta conta! Trata-se de nossa regra de fé e prática. Há, no entanto, quem a leia e não tire nenhuma instrução. Ateus podem lê-la e não extrair vida de seu conteúdo – e, teólogos liberais, também!
Tudo que há nela serve “para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm 3.16). Muitos de nós elegemos determinados versículos que nos falam mais, que nos são mais significativos.
Antigamente, nas casas de muitos cristãos havia uma caixinha cheia de versículos, chamada “Caixinha das Promessas”, a qual continha versículos “bonitinhos” que eram “pinçados” e lidos. Para os pregadores, porém, eleger versículos para preparar os sermões não é correto, pois aprendemos com Paulo que ele nunca deixou de “anunciar todo o conselho de Deus” (At 20.27).
Porém, se me perguntarem qual é o versículo que mais gosto direi sem titubeios: para mim, o texto áureo da Bíblia é uma das últimas falas de Jesus durante a sua crucificação:

“E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está Consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito” (Jo 19.30 – grifos do autor).

Essa frase de Jesus Cristo é repleta de significado.
Talvez, antes de continuar essa leitura, você precise aprimorar o seu entendimento sobre o que é o Evangelho!

O que significa “Está Consumado“?

Quando um engenheiro olha para sua construção e diz “está consumado”, isso significa que mais nada precisa ser feito. Mas, com o tempo, as rachaduras vão acabar tomando conta daquela construção.
Quando um chefe de cozinha diz “está consumado”, nada mais precisa ser feito. No entanto, se um dos ingredientes utilizados estiver estragado, toda aquela preparação terá sido em vão. Será que está ficando claro onde quero chegar?
O ponto é: quando o Rei da Glória, o Senhor dos senhores e Rei dos reis diz “Está Consumado”, nada mais precisa ser refeito em tempo algum! Não existe nada que se deteriore em Sua obra ao longo do tempo. Nada mais precisa ser corrigido, acrescentado ou retirado. Não há o que anexar à obra daquele que tem o caminho perfeito (Sl 18.30).
Se houvesse algo que pudéssemos acrescentar à Sua obra, seríamos melhores do que Ele. Se precisássemos tirar algo da Sua obra, seríamos seus avaliadores. A Sua obra é perfeita porque Ele é perfeito. Nada Lhe pode faltar e nada Lhe sobra erroneamente. A nossa obra de salvação foi confirmada nas palavras “Está Consumado”. Essa era a Sua missão:

“Ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21).

Foi isso que o anjo Gabriel disse à Maria quando da anunciação, e foi exatamente isso que Ele fez.
Ele nos salvou, nos libertou, nos sarou, nos justificou, nos advogou. Ele nos tirou das trevas para um caminho de luz. Ele limpou as nossas feridas. Ele nos deu vida quando estávamos mortos. Ele nos chamou, nos amou primeiro. Ele, Ele, Ele!!! Sempre Ele, do início ao fim!
Se você acha que para ser salvo, precisa fazer alguma coisa como “aceitar a Cristo”, “deixá-Lo entrar em seu coração” e que, se não o fizer, Ele não poderá fazer mais nada, deixe-me lhe dar uma informação: você está completamente enganado, fora daquilo que a Bíblia afirma.
Se você acha que Jesus está pacientemente “batendo à porta” do seu coração para nele entrar e salvar a sua vida, sua compreensão de Apocalipse 3.20 precisa de revisão.
Se você acha que para ser salvo é necessário que se façam jejuns, orações, campanhas, doações e coisas semelhantes, lamento dizer, mas a Reforma Protestante acabou com isso tudo há exatos 500 anos!
Se você acha que porque um pastor televisivo vocifera loucamente contra doutrinas bíblicas como é a doutrina da eleição, dando ao homem a prerrogativa de querer ser salvo e, assim, escolher a Jesus como Salvador, tanto você como o pastor precisam entender com clareza o que Jesus disse em João 5.40:

“Mas vós não quereis vir a mim para terdes vida”
(grifos do autor).

Se você acha que pode contribuir com alguma coisa para a sua salvação, você ainda não entendeu a extensão da declaração de Jesus, “Está consumado”! Além disso há uma outra frase que precisa ser compreendida:

“Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus”
(Rm 8.7).

Enquanto esse elemento de pecado, de auto justificação, como se tudo dependesse do seu “livre-arbítrio”, não for retirado do coração, toda nossa inclinação será para nos afastar de Deus, ou, na melhor das hipóteses, seremos crentes fracos que nunca entenderão a grandeza daquilo que aconteceu na cruz.
Precisamos perceber que foi o “pastor das nossas almas” (1Pd 2.25) que disse que tudo estava consumado. Aquele que afirmou que nada mais precisava ser feito foi o que disse:

“Eu Sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Derradeiro, o Princípio e o Fim”
(Ap 22.13).

Ora, se Ele é o princípio, a salvação começou com Ele. E se Ele é o fim, a salvação se consuma nEle.

Conclusão

O que pecadores como nós podem fazer para completar a obra da nossa própria redenção? Pensar que temos parte ativa nisso é achar que Deus não é tão poderoso. Essa obra foi completamente consumada na cruz por Aquele que se entregou por nós. Todo o plano de salvação começou com Ele. E, se Ele diz: “Está CONSUMADO”, é porque realmente ESTÁ!

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