Vamos abordar o tema que envolve o pastor e o ministério pastoral. Mas antes, gostaria que você respondesse, a si mesmo, duas perguntas:
O que me tira o sono?
No que estou pensando em boa parte do meu dia?
A resposta a essas duas perguntas certamente irá revelar o meu ídolo.
Ser dominado por algo além do meu controle, além de estupidez, é pecado. E, se eu estou considerando a possibilidade de tornar-me um pastor, sou encaminhado para uma outra pergunta:
Como auxiliar pessoas com seus ídolos quando tenho os meus próprios?
Essa pergunta poderia me colocar num terreno onde a covardia seria a resposta, mas não vou por esse caminho.
A consciência da graça de Deus, mesmo em luta constante com meus ídolos faz com que pessoas, como eu, que por tantas vezes se encontraram em meio à preocupações relativas ao comer e ao vestir, possam, também, auxiliar no cuidado do rebanho do Senhor, como um pastor.
Num primeiro momento, eu via uma grande tensão entre dar a vida pelo rebanho e tornar o próprio rebanho um tipo de ídolo. Quando vivemos em função das pessoas, podemos, muito bem, ser dominados por elas e seus problemas. Isso nos leva a esquecer que somente Deus deve ter domínio sobre as nossas vidas.
Por outro lado, há um dever que foi dado ao pastor. Esquecer das ovelhas em favor de si mesmo é esquecer a ordem dada por Deus através de Pedro:
“Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir.” (1 Pedro 5.2)
O pastor precisa cuidar de si mesmo. Não só para que não desanime, mas também porque o pecado do ministro da Palavra traz consequências, das mais graves, para a comunidade da fé.
Como saber quando o pastor está faltando com o cuidado para com o rebanho? Como saber quando está vivendo em função de suas ovelhas mais do que em favor de suas famílias ou de Deus?
Richard Baxter, em sua obra “O Pastor Aprovado” pontua:
“Deus não coloca sobre nós o peso de impossibilidades naturais: não ordena aos homens saltar até a lua, tocar as estrelas ou contar os grãos da areia do mar.
“O ofício pastoral consiste no cuidado de todo o rebanho; certamente o número de almas confiado ao cuidado de cada pastor não deverá ser maior do que ele seja capaz de conhecer e de cuidar, segundo a vontade de Deus.” (O Pastor Aprovado, pág. 71)
Que Deus nos dê a graça para superar o orgulho que faz com que queiramos uma tarefa maior do que as nossas possibilidades.
Por fim, gostaria de falar sobre a alegria em meio ao ministério pastoral. Se falei, apenas, das dificuldades, deixe-me falar um pouco da satisfação.
Ter em mente que Deus me capacita e me usa para cuidar de seus próprios filhos é motivo de muita alegria. Isso porque sei que Ele, que sabe de todos os meus defeitos, fará o melhor uso de minha vida.
Se ovelhas podem ser cuidadas através de um pastor pecador como eu, quanto mais eu posso ser cuidado pelo Supremo Pastor, que tudo pode com o soprar de sua boca.
Entre desafios e bênçãos, entre o serviço e o cuidado próprio, onde está o equilíbrio?
Como encontrar, através das Escrituras, um caminho saudável? Como encontrar um caminho saudável, não só para mim, pastor ou para mim que almejo o ministério, mas também para as pessoas que estão ou estarão debaixo do meu cuidado?
Preciso refletir, seriamente, sobre essas perguntas. Se almejo assumir o ofício de pastor, essas são questões que não podem, de forma alguma, deixar de serem consideradas.
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