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Música: a cultura venceu a crítica?

Diego Venancio
11/11/2022
Você já reparou que houve uma mudança na música da igreja? Entenda como ela mudou e o que isso significa para a igreja.


Trabalho com música desde 1999 e com música cristã desde 2004, quando entrei no ministério Vencedores Por Cristo. Com isso, comecei a viajar pelo Brasil, tocando e testemunhando sobre o evangelho. Antes disso, eu me dediquei à música na igreja local.

Menciono isso a fim de mostrar que acompanho o movimento musical na igreja há pelo menos 20 anos de maneira mais profissionalizada.

A história da música gospel no Brasil

Gostaria de contar um pouco da evolução do que vivemos hoje em termos de música da igreja.

No início da década de 90, a igreja Renascer e seus líderes decidiram influenciar a música da igreja contemporânea. Inseriram o rock como uma linguagem própria para um culto “moderno”. Até então, a igreja mais tradicional usava pianos, violões, órgãos para acompanhar o canto congregacional. Algumas igrejas lutavam e relutavam com as palmas.

Os famosos corinhos estavam em alta. Os grupos vocais muitas vezes eram influenciados pelo ministério Vencedores por Cristo, tendo essas características em sua formação.

As músicas mais “comportadas”, com letras baseadas nas Escrituras, deram lugar a um modo irreverente de se fazer música. Por exemplo, havia uma canção que dizia: “Sem Jesus você pirou…”, usando gírias e expressões nada litúrgicas.

Havia um show enorme no Estádio do Pacaembu em São Paulo chamado “SOS da vida”. Muitas bandas de fora do país faziam suas apresentações e o evento atraía muitos ex-drogados e marginalizados. Cheguei a ir a um desses eventos e ali mesmo decidi que aquilo não era para mim.

A igreja Renascer foi uma das principais responsáveis por trazer o termo “gospel” para essa realidade. Os jovens começaram a debandar de suas igrejas, participando desse movimento que trazia uma estética bem diferente.

Os pianos foram substituídos por teclados elétricos; os violões, por guitarras e distorções; as palmas, por uma bateria. Um regente ou dirigente foi substituído por um “ministro” ou um cantor. Este passava a ter um grande tempo de fala, sob o pretexto de levar o povo de Deus à adoração. A verdade é que ele manipulava as emoções de todos os ouvintes.

Na minha igreja local, muitos jovens saíram da igreja, buscando a modernidade do movimento gospel. Todas as igrejas foram afetadas direta ou indiretamente por esse movimento.

A evolução da música gospel

Como observador, posso dizer que o movimento gospel cresceu tanto que engoliu seus criadores. Eventualmente, a igreja Renascer caiu em alguns escândalos e perdeu força. Então, o movimento pentecostal de terceira onda, como dizem, tomou conta de tudo.

Pipocavam cantores e cantoras em todo lugar. Antes, a música existia para alimentar a igreja local, de maneira simples. Então, virou um produto a ser consumido, produzido por uma mega indústria.

Uma cultura paralela foi criada e como indústria ela precisava ser sustentada, alimentada.

Para manter-se de pé, o movimento gospel começou a imitar totalmente o movimento secular. Por exemplo, se a moda era pop-rock, o mercado gospel ia tratar de produzir seu próprio pop-rock com conteúdo gospel.

É nesse momento que eu faço a fusão entre indústria e cultura. A igreja passou a receber as músicas prontas de fora. Daí, reproduzia tudo o que era feito na indústria fonográfica gospel, sufocando qualquer tentativa de produção independente.

O ministério Vencedores por Cristo e tantos outros sofreram muito nesse tempo.

Dessa forma, a igreja local perdeu as suas características provenientes de sua localização geográfica, da sua cultura local, de características dos seus membros. Ela passou a pegar tudo pronto da indústria da música gospel. Então, uma música que não se encontra na lista daquilo que é cantado pelos grandes cantores da indústria não serve para ser cantada na igreja.

O vício na música

Enfim, qual o grande problema disso tudo?

Houve uma grande formatação, não só da estética, o que já seria bastante grave, mas uma formatação teológica, de cosmovisão. A igreja não se deu conta dessa influência estética e teológica tão grande, tentando combatê-la com mero tradicionalismo evangelical.

Nem preciso dizer que tudo foi engolido pelo movimento gospel.

A igreja entrou no que eu chamo de “vício”, pois não sabe viver sem a cultura que provém do mercado gospel, ainda que este esteja mais enfraquecido nos dias atuais. Ou seja, a estrutura criada nos anos 90 mudou a forma de pensar dos dias de hoje.

Mesmo que não tenhamos mais uma indústria da música gospel pujante, a igreja entrou num vício. Assim, ela não sabe mais cantar ou compor, sem um artista, uma produção, uma carreira famosa por trás daquilo que ela canta.

Nesse ponto, portanto, creio que a cultura venceu a crítica da igreja.

O movimento reformado

Por outro lado, nos anos 2000, ganhou corpo um movimento de retorno à Reforma Protestante. Assim, uma busca por consistência teológica cresceu. Com isso, algo mudou na produção musical, mas nada comparado com a força que a indústria gospel teve.

Mesmo com conteúdo recauchutado, por assim dizer, a estética permanece, o vício permanece. Por exemplo, temos bandas e grupos que se dizem reformados. Cantam algumas letras de autores relacionados à Reforma Protestante. Entretanto, as suas apresentações e produções reproduzem aquilo que foi aprendido no mercado gospel. A igreja, então, sem crítica estética, consome tudo e rejeita o que não vem por esse meio.

A maior perda de todas

Diante disso tudo que acabei de mostrar, considero que a maior perda que a igreja tem é teológica. Não nos enganemos: a estética acompanha a teologia, e a teologia induz uma estética. Isso significa que estamos numa crise dupla, a meu ver. A teologia é ruim; portanto, a música é ruim. A música é ruim; logo, a teologia é fraca.

Quero deixar com você a letra de um trecho de uma música do século XII chamada “Formoso Cristo”. Observe como a letra aponta para Cristo e deixa o homem em segundo plano.

Formoso Cristo,
Rei da natureza,
Divino Ser nascido aqui,
Com glória e honra
Quero exaltar-Te;
Coroa e gozo achei em Ti.

Tão lindo bosque,
Mais formoso campo,
Com seus perfumes toda flor;
Cristo é mais belo,
Cristo é mais puro,
Pois Ele alegra o sofredor.

Em nossos cultos, trocamos a presença exclusiva de Deus, cuja dignidade nos levava a falar somente dEle, porque dEle e para Ele são todas as coisas, para mencionar a nossa presença em culto a Deus. Parece uma mudança insignificante, mas o “eu” tomou conta de tudo de tal forma que não sabemos mais cantar uma música sem deixar de mencionar a nossa presença e focar somente em Cristo.

Certamente, a indústria gospel nos prestou o grande desserviço de acabar com aquelas coisas simples que nos levavam à humildade. Ela transformou o Ser sublime do Senhor Deus num grande “chapa”, um “amigão”. Inegavelmente, deixou míope a visão do Deus Santo em Seu glorioso trono de graça, cujos pés estão aqui na terra e apenas a aba de Suas vestes enche todo o templo de fumaça e balança as colunas.

A troca do coletivo pelo individual

Além disso, morreu a ideia coletiva de que a igreja é o corpo de Cristo em culto a Deus.

São raras as músicas como “É Teu povo”, que diz:

É Teu povo,
Aqui presente,
Todos numa só voz declarando que só Tu és grande.

É mais comum encontrarmos músicas como:

Vim para adorar-Te,
Vim para prostrar-me,
Vim para dizer-Te: “És meu Deus”.

É uma piedade condicionada à presença do homem. É como se dissesse: “Senhor, o Senhor é tão bom que eu vim para adorar-Te”. Quem é mais importante nessa frase – Deus ou o homem? Fico na dúvida.

Conclusão

Enfim, eu poderia dizer muito mais, mas a minha conclusão é que a cultura venceu a crítica que a igreja deveria ter em relação à estética musical como consequência teológica e vice-versa.

Acho, sinceramente, que é um caminho sem retorno. No entanto, eu gostaria muito de ver uma igreja que canta somente a Deus, a Cristo e Sua obra, sem roubar o protagonismo da Trindade e do canto congregacional. Que Deus nos abençoe.

 

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